quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Heliand

Heliand



Heliand é um poema épico em saxão antigo, escrito na primeira metade do século IX. O título, referente ao alemão e ao holandês, significa "salvador" e tem caráter religioso, visto que a obra é uma paráfrase bíblica, a qual narra a vida de Jesus em versos aliterados, comum no estilo de saga germânica. Heliand extende-se em aproximadamente 6.000 versos, sendo a obra mais extensa em saxão antigo já conhecida.

O saxões foram forçados a se converter ao Cristianismo no final do século VIII e começo do IX, após 33 anos de conflito entre Widukind (líder saxão pagão) e Charlemagne (fundador franco do Império Carolíngio). Murphy retrata a influência significante que Heliand teve sobre o destino da sociedade europeia escrevendo que o autor da obra "criou uma síntese cultural única entre o Cristianismo e a sociedade guerreira germânica - uma síntese que semearia o que um dia floresceria em sua plenitude na cultura da cavalaria, tornando-se uma fundação da Europa medieval".



Widukind



Estátua de Widukind de Heinrich Wefing em Herford, Nordrhein-Westfalen.



Charlemagne



O poema deve ter sido relativamente popular, visto que ele está presente em 2 manuscritos, além de também terem sido encontradas 4 versões fragmentadas. Há um prefácio, o qual possivelmente fora comissionado por Louis, O Piedoso, (814 - 840) ou por Louis, O Germânico (806 - 876). Esse prefácio foi primeiramente impresso por Matthias Flacius (reformista luterano) em 1562.



Louis, O Piedoso



Louis, O Germânico



A primeira menção ao poema nos tempos modernos ocorreu quando Franciscus Junius (o mais novo, filólogo germânico) encontrou um fragmento em 1587. Não tinha sido impresso até 1705, quando George Hickes o fez. A primeira edição moderna do poema foi publicada em 1830 por Johann Andreas Schmeller.



Franciscus Junius, o mais novo



Trecho de Heliand em saxão antigo:

     71 Erodes thes rîkeas | endi râdburdeon held
     72 Iudeo liudi. | Than uuas thar ên gigamalod mann,
     73 that uuas fruod gomo, | habda ferehtan hugi,
     74 uuas fan them liudeon | Levias cunnes,
     75 Iacobas suneas, | guodero thiedo:
     76 Zacharias uuas hie hêtan. | That uuas sô sâlig man,
     77 huand hie simblon gerno | gode theonoda,
     78 uuarahta after is uuilleon; | deda is uuîf sô self


Fonte:

CATHEY, James E. "Hêliand: Text and Commentary". West Virginia University Press, 2002.







Resenha:

Contribuições para a elucidação da etnogênese saxônia


Sugestão de leitura:



Editado por Valentine A. Pakis.
Volume XII

Publicado em 2010.

Heliand, o poema anglo-saxão baseado na vida de Cristo nos Gospels, tornou-se disponível aos estudantes da cultura anglo-saxã uma vez que sua influência aborda um vasto campo, adentrando aspectos históricos, linguísticos, literários e religiosos.

No livro "Perspectives on the Old Saxon Heliand" (Perspectivas do Heliand em anglo-saxão antigo), Valentine Pakis apresenta argumentos relevantes acerca da obra das últimas 3 décadas.

Fonte: Perspectives on the Old Saxon Heliand

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Flateyjarbók




Mapa da Islândia



Flatey



Flatey



O Flatey Book (islandês: Flateyjarbók) é um importante, além de maior, manuscrito islandês medieval, também conhecido como Codex Flateyensis, o qual contém 225 velinos escritos e ilustrados. Em sua maioria, ele apresenta sagas de reis nórdicos, tratando especificamente de sagas a respeito de Olaf Tryggvason, St. Olaf, Sverre, Hakon O Antigo, Magnus O Bom e Harald Hardrada, como encontrado no Heimskringla. Além disso, o manuscrito também contém uma cópia única do poema édico Hyndluljóð, um conjunto único de registros históricos datados de 1394 e muitos contos conservados, como o Nornagests þáttr (História de Norna-Gest).

A saga Grœnlendinga (História dos gronelandeses), também especialmente importante, narra sobre a colônia Vinland (atual América do Norte) com alguns contrastes da versão contida na saga Eiríks saga rauða (História de Eirík, O Vermelho). Na obra também estão preservadas as únicas versões islandesas da saga Orkneyinga (História dos nativos de Orkney) e da saga Færeyinga (História dos nativos feroenses).



Iluminuras do Flateyjarbók



Velino ilustrado do Flateyjarbók



Aproximadamente, o manuscrito começou a ser escrito em 1387 e foi concluído em 1394. A primeira página constata que o proprietário da obra é "John Hakonar son" (John, filho de Hakonar) e que o livro foi produzido por dois monges. Um deles, "Jon prestr Þórðar son" (monge Jon, filho de Þórðar), escreveu o conteúdo do conto de Eirík The Traveller (Eirík, O Viajante) até o final das 2 sagas de Olaf. O outro, "Magnús prestr Thorhallz sun" (monge Magnús, filho de Thorhallz), também participou da escrita do conteúdo e ilustrou a obra. Conteúdos adicionais foram acrescentados ao final do século XV.

Inicialmente, o manuscrito recebeu atenção especial pelos letrados em 1651, quando o bispo Brynjólfur Sveinsson de Skálholt, com a permissão do rei Frederick III da Dinamarca, requisitou que todo o povo islandês entregasse os manuscritos antigos, fosse uma cópia ou o próprio original, que detinham ao rei dinamarquês como presente ou por um preço. Jon Finnsson, que morou em Flatey (Flat Island) em Breiðafjörður na costa oeste da Islândia, foi o proprietário do manuscrito que então já era conhecido como Flateyjarbók. Inicialmente, Jon se recusou a entregar sua preciosa relíquia de família, o maior livro de toda a Islândia, e continuou a recusar mesmo quando o bispo Brynjólfur o visitou pessoalmente, oferecendo 500 terras. Jon só mudou de ideia e concedeu o livro quando o bispo estava partindo da região.



Bispo Brynjólfur Sveinsson (1605 - 1675)



O manuscrito foi dado de presente ao rei Frederick III em 1656, tendo sido colocado na Biblioteca Real de Copenhagen. O resto da coleção do bispo foi dispersa pelos herdeiros, que não tinham interesse na coleção de manuscritos antigos. Infelizmente, a maioria deles se perderam para sempre, apesar de muitas transcrições terem sido realizadas. O Flateyjarbók e o Codex Regius foram repatriados pela Islândia em 1971 como tesouros islandeses nacionais. Atualmente, são estudados e preservados pelo Instituto Árni Magnússon.



Rei Frederick III da Dinamarca



Biblioteca Real de Copenhagen



Instituto Árni Magnússon



O Flateyjarbók consiste dos seguintes textos:

  • Geisli (um poema religioso de St. Olaf II da Noruega)
  • Ólafs rima Haraldssonar (um poema de St. Olaf no estilo rimur, o mais antigo na poesia islandesa)
  • Hyndluljóð (um poema em nórdico antigo)
  • Um conto do Gesta Hammaburgensis Ecclesiae Pontificum
  • Sigurðar þáttr slefu
  • Hversu Noregr byggðist
  • Genealogias de reis noruegueses
  • Eiríks saga víðförla
  • Ólafs saga Tryggvasonar, que contém:
    • Saga Grœnlendinga
    • Saga Færeyinga
    • Saga Jómsvíkinga
    • Otto þáttr keisara
    • Fundinn Noregr
    • Orkneyinga þáttr
    • Albani þáttr ok Sunnifu
    • Íslands bygging
    • Þorsteins þáttr uxafóts
    • Sörla þáttr
    • Stefnis þáttr Þorgilssonar
    • Rögnvalds þáttr ok Rauðs
    • Hallfreðar þáttr vandræðaskálds
    • Kjartans þáttr Ólafssonar
    • Ögmundar þáttr dytts
    • Norna-Gests þáttr
    • Helga þáttr Þórissonar
    • Þorvalds þáttr tasalda
    • Sveins þáttr ok Finns
    • Rauðs þáttr hins ramma
    • Hrómundar þáttr halta
    • Þorsteins þáttr skelks
    • Þiðranda þáttr ok Þórhalls
    • Kristni þáttr
    • Eiríks þáttr rauða
    • Svaða þáttr ok Arnórs kerlingarnefs
    • Eindriða þáttr ilbreiðs
    • Orms þáttr Stórólfssonar
    • Hálfdanar þáttr svarta
    • Haralds þáttr hárfagra
    • Hauks þáttr hábrókar
  • Ólafs saga helga, que contém:
    • Saga Fóstbrœðra
    • Saga Orkneyinga
    • Saga Færeyinga
    • Nóregs konungatal
    • Haralds þáttr grenska
    • Ólafs þáttr Geirstaðaálfs
    • Styrbjarnar þáttr Svíakappa
    • Hróa þáttr heimska
    • Eymundar þáttr hrings
    • Tóka þáttr Tókasonar
    • Isleifs þáttr byskups
    • Eymundar þáttr af Skörum
    • Eindriða þáttr ok Erlings
    • Ásbjarnar þáttr Selsbana
    • Knúts þáttr hins ríka
    • Steins þáttr Skaptasonar
    • Rauðúlfs þáttr
    • Völsa þáttr
    • Brenna Adams byskups
  • Saga Sverris
  • Hákonar saga Hákonarsonar
  • Um adendo a Ólafs saga helga por Styrmir Kárason
  • Uma saga do rei Magnus O Bom e do rei Harald Hardrada do tipo Morkinskinna
  • Hemings þáttr Áslákssonar
  • Auðunar þáttr vestfirzka
  • Sneglu-Halla þáttr
  • Halldórs þáttr Snorrasonar
  • Þorsteins þáttr forvitna
  • Þorsteins þáttr tjaldstæðings
  • Blóð-Egils þáttr
  • Grœnlendinga þáttr (diferente da saga Grœnlendinga)
  • Helga þáttr ok Úlfs
  • Játvarðar saga helga (saga do rei Edward)
  • Flateyjarannálar

(Fonte: Open Library)


Fonte:

Flateyjabók

Instituto Árni Magnússon

Iluminuras do Flateyjarbók

Biblioteca Real de Copenhagen



Artigos:

Cultural Paternity in the Flateyjarbók Ólafs saga Tryggvasonar

Norse Mythology - Legends of Gods and Heroes

What a woman speaks

Eddic Mythology

The sagas of Icelanders as a Historical Source

O Rei Burislaf: ligeira concessão ao cientificismo e considerações acerca do cômico, do factual e do fictício



Tradução:

A saga de Hedin e Hogni

Conto de Norna-Gest

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A Batalha de Brunanburh




Imagem do jogo Mount & Blade.



A Batalha de Brunanburh, também conhecida como a Batalha de Vínheið¹, é um poema em inglês antigo que está conservado na Crônica Anglo-Saxã. O poema trata da Batalha de Brunanburh, uma batalha que ocorreu entre um exército inglês e um exército misto de escoceses, bretões e vikings em 937. O resultado da vitória foi inglesa, celebrada no poema em estilo e língua. O poema é notável devido aos seus elementos tradicionais, tendo sido consagrado pelo seu tom autêntico e nacionalista, os quais documentam o desenvolvimento de uma Inglaterra unificada, governada pela Casa de Wessex (House of Wessex).

A batalha foi a culminação de um conflito entre o rei Æthelstan e os reis nórdicos. Após Æthelstan ter derrotado os vikings em York em 928, ele tentou expandir sua autoridade sobre a maioria dos territórios do norte da Bretanha. Constantine II, o rei escocês, reconheceu a ameaça imposta pela Casa de Wessex à sua posição e, em resposta, começou a formar alianças com reinos vizinhos a fim de realizar um contra-ataque preventivo a Æthelstan. Ele então se casou com a filha de Amlaíb mac Gofraid (também chamado de "Olaf Guthfrithsson" e "Anlaf" no poema), o rei nórdico-galês de Dublin. Amlaíb, por sua vez, clamou o trono da Nortúmbria, do qual Æthelstan tinha expulsado seu pai em 927. Enquanto isso, no lado inglês, Æthelstan se uniu a seu meio-irmão, o posterior rei Edmund I.




Túmulo do rei Æthelstan no Museu Athelstan, Monastério de Malmesbury.
Fotografia: Gary Shield.







Edmund I, meio-irmão de Æthelstan




O exército invasor reuniu vikings, escoceses e bretões de Strathclyde e, sob a liderança de Olaf Guthfrithsson (Amlaíb), invadiram a Inglaterra pelo Humber. No final de 937, Æthelstan respondeu a invasão enfrentando-os na Batalha de Brunanburh. Como resultado, as forças combinadas de Wessex e da Mércia derrotaram, perseguiram e destruíram as forças nórdicas e aliadas.

O campo da batalha ainda não foi precisamente identificado e várias alternativas foram sugeridas. Uma delas se situa no sul da Escócia, próxima à elevação de Burnswark, leste-sul de Lockerbie. Entretanto, segundo Smurthwaite, "parece inconcebível que uma batalha tenha acontecido no norte da fronteira, principalmente se considerarmos que Olaf desembarcou no Humber".



Burnswark Hillfort



Humber, região por onde Olaf e aliados invadiram.




O poema está conservado em 4 dos 9 manuscritos da Crônica Anglo-Saxã. Na Crônica Parker (Parker Chronicle), seus versos em linha foram escritos poeticamente, seguindo a prática comum dos escribas anglo-saxões. O poema de 73 linhas foi escrito em um "saxão indeterminado", apesar de ser considerado como parte do dialeto saxônico do oeste, este utilizado na maioria da poesia preservada em inglês antigo (Old English). Ele é conhecido como uma celebração panegírica da vitória de Æthelstan e Edmund I.

O texto começa louvando o rei Æthelstan e seu irmão Edmund I pela sua vitória. É mencionada a queda dos "escoceses e navegantes", enquanto "o campo de batalha fluía / com sangue escuro". "Navegantes nórdicos" e "escoceses fatigados" foram mortos por "saxões do oeste [que] / perseguiram aqueles povos odiosos", atacando-os nas costas. "Cinco reis jovens" foram mortos em batalha, bem como "sete / earls de Anlaf". Amlaíb mac Gofraid ("Anlaf") foge de barco e Constantine foge para o norte, deixando "seu filho / finalizado por armas em pleno campo de batalha, / um mero menino em um cenário bélico". O poema termina comparando a batalha àqueles que lutaram em fases anteriores da história inglesa (a tradução seguinte não seguiu a poeticidade do documento original no intuito de transmitir o conteúdo em vez da forma):



                    Nunca, antes disso,

                    houve mais homens nesta terra trucidados

                    pela aresta da espada - como confirmado nos escritos

                    e sagas antigas - desde quando os Anglos e os Saxões singraram aqui

                    do leste, solicitaram os Bretões sobre os mares,

                    desde quando aqueles ferreiros martelaram os Galeses

                    e os earls, ávidos por glória, arrasaram a terra.



O estilo do poema tem sido descrito como "parecido com a saga no esparso uso da língua combinada com detalhes específicos". Segundo George Anderson², visto que o poema data de um período tardio do inglês antigo, ele evidencia a atração contínua da "tradição do guerreiro": se apresenta como um "testemunho claro da vitalidade da tradição épica do inglês antigo; um documento autêntico que reaparece anos após o poeta de Beowulf, os poetas Caedmon e Cynewulf". Donald Fry, acadêmico americano, compara passagens de Beowulf e de Brunanburh considerando o embarque dos navios e observa que há uma "dicção e imaginário similares".

Junto dos combatentes, há também a presença das "bestas de batalha", isto é, animais decorrentes em poemas do inglês antigo, tais como o lobo, o corvo e a águia. Na Batalha de Brunanburh, porém, incluíram um quarto animal, o guþhafoc (war-hawk; falcão de guerra) na linha 64. Entretanto, editores e acadêmicos sugeriram que graedigne guþhafoc, (o insaciável falcão da guerra), na verdade, correspondesse a um kenning para o hasu-padan, / earn æftan hwit (a penugem sombria, águia de cauda branca) das linhas 62b-63a.

De acordo com Malcolm Godden, professor especialista em estudos anglo-saxônicos da Universidade de Oxford, a língua remete àquela do inglês antigo no Genesis A (manuscrito de Caedmon). O poema, no entanto, nem sempre fora bem recebido, tendo sido criticado por Walter John Sedgefield, acadêmico americano, nos estudos dos poemas da Crônica Anglo-Saxã em 1904. Ele afirmou que "apesar de longo e bem escrito, a Batalha de Brunanburh não passa de um simulacro, um fantasma do epos mais antigo". Alistair Campbell³, por sua vez, defende que um poema não deve ser tratado como um texto histórico, além de considerar que panegírico seja um gênero apropriado: "Os sujeitos do poeta são o elogio dos herois e a glória da vitória. Quando isso é considerado, a frequente crítica, que não convém aos saberes históricos acerca da batalha, desfalece. Não era seu objetivo, portanto. Ele não estava escrevendo um épico ou uma balada, ele estava escrevendo um panegírico".

Comparado a Batalha de Maldon, um poema em inglês antigo que também tem caráter bélico entre ingleses e vikings meio século depois, Brunanburh distingue-se por seu som harmônico nacionalista, ao passo que Maldon celebra o cristianismo sobre valores não-cristãos. Brunanburh não toma uma "responsabilidade pessoal", como o faz Maldon, mas aponta para um amplo panorama histórico da batalha, podendo ser encarado como um epítome da Crônica Anglo-Saxã, com foco especial nos anglo-saxões do oeste. Segundo Patrick Wormald4, histórico britânico, o poema constrói um "senso de identidade ideológica que se deu aos ingleses por Bede".






¹BIRRO, Renan Marques. Uma História da Guerra Viking. 2011.
²ANDERSON, George K. The Literature of the Anglo-Saxons (Rev. ed.). Princeton UP, 1966.
³OPLAND, Jeff. Scop and Imbongi IV: Reading Prose Poems1993.
4WORMALD, Patrick. "Anglo-Saxon society and its literature". In: Malcolm GoddenThe Cambridge Companion to Old English Literature. Michael Lapidge. Cambridge UP. pp. 1-€“22. 2007.



Poema online:

The Battle of Brunanburh Poem (em saxão "indeterminado")



Fonte:

Battle of Brunanburh poem

Battlefields Trust

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Saga Laxdæla




Saga Laxdæla



A saga Laxdæla é uma saga islandesa escrita no século XIII, por volta de 1230 a 1260. Seu conteúdo refere-se às pessoas que habitaram a área islandesa Breiðafjörður no final do século IX até o começo do XI. Particularmente, a saga enfoca em um triângulo amoroso entre Guðrún Ósvífrsdóttir e Kjartan Ólafsson and Bolli Þorleiksson. Kjartan e Bolli cresceram juntos como grandes amigos, mas o amor deles por Guðrún causou não apenas discórdia entre eles, mas também suas mortes. A saga Laxdæla ainda é popular, sendo muito apreciada por sua beleza poética e comoção.

Como outras sagas islandesas, o autor de Laxdæla é desconhecido. No entanto, devido ao seu caráter inusitadamente feminino, especula-se que tenha sido escrita por uma mulher. O notável conhecimento do(a) autor(a) em relação a locais e circunstâncias na área Breiðafjörður mostra que ele(a) deve ter vivido no oeste da Islândia. Em diversas ocasiões, a saga nitidamente cita outras fontes escritas, o que demonstra que, provavelmente, o(a) autor(a) era conhecedor(a) de várias fontes históricas escritas. Por exemplo, duas vezes houve referência aos escritos de Ari Þorgilsson, uma à perdida saga Höllusonar e outra à saga Njarðvíkinga. Apesar disso, as fontes principais do(a) autor(a) devem ter provido de tradições orais, as quais ele/a adaptou a seu modo.








O prelúdio da saga Laxdæla se inicia na Noruega no final do século IX, conforme o hersir Ketill Flatnose e seus filhos deixam a Noruega a fim de fugir da tirania de Harald Halfdansson, conhecido como Harald Fairhair. A saga então foca particularmente na filha de Ketill, Unnr, A Profunda (Unnr the Deep-Minded), figura matriarcal que viaja para a Escócia, Orkney e Ilhas Féroe (Faroe Islands) antes de tomar terras no oeste islandês, em Breiðafjörður. Descreve-se também a morte digna de Unnr e seu funeral nórdico (ship burial).




Harald Fairhair



O próximo personagem a ser enfocado é o goði Höskuldr Dala-Kollsson, bisneto de Unnr. Ele viaja para a Noruega procurando madeira para a construção de sua casa. Lá, ele adquire uma escrava cara, porém muito bela e muda. Ele também encontra o rei Hákon, O Bom (Haakon the Good), que o presenteia com madeira, bem como um anel e uma espada. A seguir, Höskuldr viaja de volta para a Islândia. Höskuldr a sua escrava têm um filho chamado Olaf, posteriormente conhecido como Olaf, O Pavão (Olaf the Peacock). Um dia, Höskuldr se depara com seu filho, que até então tinha 2 anos de idade, e sua escrava conversando em voz alta. Höskuldr então diz à ela que não fingisse mais e por fim dissesse seu nome. Ela revela que é Melkorka, filha do rei Mýrkjartan da Irlanda, e que foi mantida em cativeiro quando tinha 15 anos.

Olaf, O Pavão, torna-se um homem bonito e bem comportado. Quando atinge a idade de 18 anos, viaja para o exterior. Primeiro ele vai para a Noruega, onde presta os devidos respeitos ao rei e jura proteção a sua mãe, Gunnhildr. Quando Gunnhildr descobre que Olaf quer viajar para a Irlanda a fim de procurar pelo seu avô, ela ordena que um navio seja preparado para ele, oferecendo-o uma tripulação de 60 homens. Então, Olaf parte para a Irlanda, mas acaba com seu navio em uma área desfavorável, distante de qualquer porto. De acordo com as leis irlandesas de encalhamento, os irlandeses locais clamam posse sobre o navio. Olaf, fluente em irlandês, se recusa a entregá-lo. Os irlandeses então tentam tomá-lo a força, mas os homens de Olaf resistem e sucedem.

Coincidentemente, o rei Mýrkjartan se encontrava em uma região próxima e aparece na cena. Olaf conta a ele que é filho de Melkorka, sua filha, oferecendo um anel de ouro da própria como prova. Mýrkjartan havia presenteado Melkorka com o anel, e, conforme ele o analisa, seu rosto se avermelha, por fim reconhecendo Olaf como de sua própria linhagem. Olaf e seus homens são bem-vindos e passam o inverno com o rei, lutando contra os invasores. Mýrkjartan oferece a Olaf a herança de sua coroa, mas ele a rejeita e viaja de volta para casa.

A jornada de Olaf no exterior trouxe grande reconhecimento a sua pessoa, estabelecendo-se por fim na Islândia. Ele se casa com Þorgerðr Egilsdóttir, filha de Egill Skallagrímsson. Olaf e Þorgerðr têm vários filhos, incluindo o promissor Kjartan. Quando Höskludr morre, ele dá a Olaf, seu filho ilegítimo, o anel e a espada que o rei Hákon o presenteou. Entretanto, o meio-irmão de Olaf, Þorleikr, se ofende com tal ato. Visando fazer as pazes com seu irmão, Olaf, portanto, se oferece a adotar o filho de Þorleikr, Bolli, "pois ele quem cria uma criança de outro é sempre considerado como o menor dos dois".

Finalmente, Guðrún Ósvífrsdóttir é introduzida, sendo descrita como a "mulher mais bela que já cresceu na Islândia, sendo também não menos inteligente". Guðrún tem sonhos que a preocupam. Um sábio parente interpreta seus sonhos dizendo que Guðrún terá quatro maridos: que ela se divorciará do primeiro, mas os outros três morrerão. Decerto, Guðrún se casa com seu primeiro marido aos 15 anos, sendo ele um homem com quem ela pouco se importa. Ela o faz vestir uma camisa decotada e acusa-o de vestir roupas femininas, conseguindo, assim, o divórcio. O segundo casamento de Guðrún é feliz, porém de curta duração, visto que seu marido se afoga.



Monumento a Guðrún Ósvífrsdóttir em Helgafell.



Guðrún Ósvífrsdóttir viveu em Helgafell, lugar onde se encontra seu túmulo.
De acordo com a lenda local, um desejo será realizado a qualquer um que ande 3 vezes no sentido anti-horário ao redor de seu túmulo e então subir o morro sem pronunciar uma palavra, olhar para trás, ter pensamentos ruins ou contar o pedido a alguém.



Kjartan e Bolli crescem juntos como irmãos e a afeição entre eles "é tanta que ambos sentiam que algo estava faltando quando o outro estava ausente". Em breve, Kjartan e Guðrún se conhecem e começam a passar tempo juntos e são considerados um belo casal, até que ele e Bolli decidem viajar para o exterior. Guðrún, no entanto, fica aborrecida com isso e pede a Kjartan para levá-la junto. Kjartan se recusa, lembrando-a que ela tem responsabilidades domésticas. Ele pede que ela espere por ele por três anos, mas Guðrún se recusa também. Sendo assim, Kjartan parte em desacordo com a amada.

Após a viagem, Kjartan e Bolli chegam em Nidaros (atual Trondheim), Noruega, e descobrem que lá houve uma mudança de governadores. O arco-pagão jarl Hákon foi morto por Olaf Tryggvason, que ascendeu ao trono querendo difundir o cristianismo o máximo possível. Vários islandeses proeminentes aportados em Nidaros são então proibidos de navegar, porque eles se recusam a adotar a nova religião. Os irmãos Kjartan e Bolli resolvem não se converter também e Kjartan acaba sugerindo incendiar os aposentos do rei com ele dentro. Eventualmente, porém, Kjartan cede ao rei e se enternece por todos os islandeses em Nidaros que são batizados.



 O jarl Haakon, assassinado por Olaf Tryggvason
(Christian Krohg)



O rei Olaf prossegue com repetidos atentados contra o paganismo, procurando agora converter a Islândia pagã em cristã. Como ele continua se deparando com resistências, ele decide apreender Kjartan e diversos outros filhos de islandeses proeminentes como reféns na Noruega, forçando assim a conversão. Contudo, Bolli consegue escapar e viaja de volta para a Islândia. Ele conta a Guðrún que Kjartan está detido pelo rei Olaf e que ela não deveria esperar pelo seu retorno nos próximos anos. Ele também diz a ela que Kjartan se tornou muito amigo da irmã do rei, Ingibjörg - o que é verdade. Assim, Bolli pede a mão de Guðrún em casamento e, apesar de muito relutante, ela se casa com ele.

Novidades, enfim, chegam na Noruega relatando que a Islândia se converteu. Dessa forma, o rei Olaf gratifica Kjartan permitindo sua saída. Kjartan visita Ingibjörg pela última vez e ela o presenteia com um cocar bordado, dizendo que ela espera que Guðrún Ósvífrsdóttir "aprecie usar esse acessório em sua cabeça" e que Kjartan deveria entregar a Guðrún como presente de casamento. No entanto, Kjartan, quando chega na Islândia, descobre que Guðrún já está casada com Bolli. Frustrado e rancoroso, ele acaba encontrando uma outra bela mulher, cujo nome é Hrefna. Ao avistá-la tentando colocar um adereço em seu cabelo, ele diz: "eu não acho que seria uma má ideia se ambos, o adereço e a moça, pertencessem a mim". Então, Kjartan a presenteia com o acessório dado por Ingibjörg e se casa com ela.



 Kjartan e Hrefna



Bolli tenta recuperar sua amizade com Kjartan oferecendo a ele alguns cavalos como presente. Kjartan recusa terminantemente, ainda alimentando seu rancor. Em um banquete, Kjartan insiste que Hrefna se sente  em um alto posto ao seu lado. Guðrún, que costumava ter essa honra, enrubesce. Mais tarde, Kjartan descobre que sua espada fora roubada, tendo, ulteriormente, sido encontrada em um pântano sem a bainha. Suspeita-se que o irmão de Guðrún seja o ladrão. Kjartan fica colérico frente a esse evento, mas seu pai, Olaf, o persuade tratando tal acontecimento como muito trivial para desavenças. Em um outro banquete,  porém, o adereço de Hrefna desaparece. Quando Kjartan chama Bolli para tratar do assunto, Guðrún revela que "mesmo que seja verdade que alguém aqui esteja envolvido no desaparecimento do adereço, na minha opinião eles não fizeram nada além de pegar o que certamente já lhes pertencia".

Kjartan, não suportando mais os insultos, reúne alguns homens e juntos se direcionam até a fazenda de Bolli,  posicionando guardas em cada porta da casa. Ele impede todo mundo de sair da casa por três dias, forçando os moradores a se renderem. Posteriormente, ele humilha Bolli e Guðrún ao impedir a venda de uma terra que eles pretendiam comprar.

Guðrún, revoltada, incita seus irmãos a atacarem Kjartan. Eles então planejam espiá-lo e Guðrún pede a Bolli que vá com eles. Ele se recusa, lembrando a ela que Olaf, O Pavão, o adotou, além de Kjartan pertencer a linhagem de seu pai adotivo. Guðrún então declara que, caso ele não os acompanhe, ela se divorciará dele. Bolli cede.

Os irmãos de Guðrún acabam encontrando Kjartan com outro companheiro. Eles os atacam, enquanto Bolli assiste. Vendo que, apesar de estarem em maior número, eles não conseguem se sobrepor a Kjartan, eles gritam reforço a Bolli, enfatizando que haverá consequências graves a todos eles caso Kjartan escape. Bolli então desembainha sua espada e investe contra Kjartan. Ao ver que seu próprio irmão estava para atacá-lo, Kjartan larga sua arma e Bolli o acerta com um golpe mortal. Bolli o segura nos braços, imediatamente arrependido, enquanto Kjartan morre.



Durante eras, as pessoas acreditam que Kjartan fora assassinado neste local.



Os assassinos de Kjartan são processados e julgados na assembleia local. Os irmãos de Guðrún são condenados ao exílio, mas Bolli, alvo de compaixão de Olaf, O Pavão, demanda que, em vez de ser exilado, ele pague uma multa. Os irmãos de Kjartan ficam ultrajados com a leniência de seu pai e dizem que eles enfrentarão muitas dificuldades para viverem no mesmo distrito que Bolli.

Olaf morre três anos após a morte de Kjartan. Agora, sua viúva, Þorleikr, incita seus filhos a vingarem a morte do irmão. Ela relembra-os de seus renomados ancestrais e diz que o avô deles, Egill, certamente não teria falhado na vingança de um homem como Kjartan. Incapazes de resistir aos insultos da mãe, os irmãos planejam um ataque. Partindo com um grupo de dez cavaleiros, incluindo sua mãe, eles encontram Bolli e Guðrún em uma pastagem. Um homem chamado Helgi Harðbeinsson investe um golpe crítico em Bolli e um dos irmãos de Kjartan fende sua cabeça. Helgi limpa sua lança no xale de Guðrún e esta, por sua vez, sorri. Helgi observa que sua "própria morte se encontra embaixo do fim desse xale".



 Guðrún sorri para Helgi




Guðrún dá à luz a um filho e, em homenagem ao pai, o nomeia Bolli Bollason. Quando Bolli completa 12 anos de idade, Guðrún mostra a ele e seu irmão mais velho as vestimentas manchadas de sangue que seu pai vestia quando fora assassinado. Eles então dão início a um plano de vingança e, um tempo depois, empunham a espada de seu pai, matando Helgi. Eventualmente, o ciclo de matança e vingança esgota-se e Bolli e seu irmão fazem as pazes com os irmãos de Kjartan.

Bolli Bollason viaja para o exterior e passa uma boa impressão ao rei Olaf Haraldsson da Noruega. Ele então viaja para Constantinopla, onde é reconhecido como um membro da Guarda Varangiana (Varangian Guard - unidade de elite do exército bizantino). Guðrún se casa pela quarta vez, mas seu marido, assim como o segundo, se afoga. Quando idosa, se torna freira e anacoreta. O último capítulo da saga relata a conversa entre Bolli e Guðrún. Bolli quer saber quem dos maridos sua mãe mais amou. Guðrún responde listando os quatro e suas qualidades diferentes. Bolli diz que isso não era uma resposta para sua pergunta e a pressiona. Finalmente, Guðrún responde: "eu fui a pior pessoa para quem eu mais amei".

A saga encontra-se conservada em inúmeros manuscritos, estando o mais antigo deles contido completamente no Möðruvallabók, datado em meados do século XIV. Há também cinco fragmentos velinos, o mais antigo deles datado de aproximadamente 1250, e diversos outros manuscritos mais recentes, alguns dos quais são essenciais para a crítica literária da saga.




Möðruvallabók



Acadêmicos têm dividido os manuscritos em dois grupos, o grupo Y, que inclui o Möðruvallabók, e o grupo Z, que inclui o fragmento mais antigo. A maior divergência entre os grupos é que o Y contém um adendo de dez capítulos da saga. Esses capítulos, porém, não foram escritos pelo(a) autor(a) original e são considerados como um trabalho à parte, o Bolla Þáttr Bollasonar. Outra diferença entre os grupos é que o furto da espada de Kjartan é narrada de duas formas diferentes. Todavia, a maioria das diferenças entre os manuscritos é uma variação mínima de dicção.




Mapa da região da saga Laxdæla



Pelo número extenso de manuscritos, a saga Laxdæla parece ter sido altamente prezada pela Islândia medieval, perdendo apenas para a saga Njáls, que possui maior número em fragmentos velinos. Ainda assim, a recepção dessa saga continua calorosa em tempos modernos. Guðbrandur Vigfússon, um dos maiores acadêmicos escandinavos do século XIX, comenta a respeito: "Essa, a segunda apenas em tamanho das sagas islandesas, é talvez também a segunda em beleza. Ela é a mais romântica de todas, repleta de comoção". Similarmente, Thorstein Veblen, sociólogo e economista americano, observa também que a saga é convencionalmente considerada como "aquilo de beleza poética e de alto mérito literário".



Fonte:

Laxdaela saga



Saga disponível online (inglês):

Icelandic Saga Database

Laxdaela Saga by Muriel A. C. Press

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Crônica Anglo-Saxã







A Crônica Anglo-Saxã (Anglo-Saxon Chronicle) é uma coleção de anuais em inglês antigo (Old English) que croniquiza a história dos anglo-saxões. O manuscrito original da Crônica foi produzido no fim do século IX, provavelmente em Wessex, durante o reinado de Alfred, O Grande (Alfred the Great), que durou de 871 até 899. Cópias múltiplas foram feitas da obra original, as quais foram distribuídas aos monastérios por toda a Inglaterra, sendo independentemente atualizadas. Em um desses casos, a Crônica continuou ativamente atualizada até 1154.

Nove manuscritos foram conservados por inteiro ou parcialmente, apesar de nem todos terem igual valor histórico nem serem a versão original. O mais antigo parece ter sido iniciado no fim do reinado de Alfred, ao passo que o mais recente foi escrito no monastério de Peterborough (Peterborough Abbey) após um incêndio no mesmo em 1116. Quase todo o material contido na Crônica está em forma de anual.O primeiro foi datado em 60 d.C. (a data do anual para a invasão de César), tendo o material histórico tido continuidade até o ano em que a Crônica fosse produzida. Esses manuscritos são coletivamente chamados de Crônica Anglo-Saxã.



(Acesse o site para um tour virtual)



A Crônica não apresenta narração imparcial, pois, quando comparadas com outras fontes medievais, nota-se que os escribas omitiram alguns eventos ou contaram apenas um lado da história. Há também lugares que contradizem versões diferentes. No entanto, a Crônica é a fonte de documento histórico mais importante desse período inglês, narrando os eventos entre a evasão dos romanos e as décadas da conquista normanda. Muito das informações dadas nessas obras não se encontram em nenhum outro documento. Ademais, os manuscritos são também fontes importantes da história da língua inglesa. O manuscrito de Peterborough, por exemplo, é um dos primeiros exemplos do inglês médio (Middle English) que existe.



Manuscrito Peterborough


Além da importância documental histórica e linguística, a Crônica também apresenta valor literário. Inseridos em vários momentos desde o século X, os poemas em inglês antigo celebram figuras reais e seus feitos. Como exemplos, temos A Batalha de Brunanburh (The Battle of Brunanburh, 937), que narra a vitória do rei Æthelstan sobre as forças vikings, escocesas e bretãs de Strathclyde, e cinco poemas: O Aprisionamento das Cinco Vilas (Capture of the Five Boroughs, 942), A Coroação do Rei Edgar (The Coronation of King Edgar, 973), A Morte do Rei Edgar (The Death of King Edgar, 975), A Morte do Príncipe Alfred (The Death of Prince Alfred, 1036) e A Morte do Rei Edward, O Mártir (The Death of King Edward the Confessor, 1065).


Sete dos nove fragmentos e manuscritos sobreviventes se encontram na Biblioteca Britânica (British Library). Os dois remanescentes estão na Biblioteca Bodleian, em Oxford, e na Biblioteca Parker da Universidade Corpus Christi, em Cambridge.



Lugares onde várias crônicas foram escritas (amarelo) e onde atualmente se encontram (verde).



Fonte: