sábado, 9 de março de 2013

A Batalha de Maldon

A Batalha de Maldon no Blackwater.


A Batalha de Maldon (Battle of Maldon) é um poema anglo-saxão que evoca uma batalha ocorrida entre anglo-saxões e invasores escandinavos em 991 d.C. A data de sua produção é incerta, mas, segundo evidências linguísticas, Donald Scragg defende que o poema seja datado do final do século X ou início do XI.

O evento ocorreu quando vikings e anglo-saxões se enfrentaram no estuário do rio Blackwater, próximo de Maldon, em Essex. Os vikings haviam realizado sucessivas invasões nos portos das redondezas, estabelecendo-se em uma ilha perto da nascente do rio. Byrhtnoth, o earl (soberano) de Essex, que era também o líder da milícia inglesa, assumiu sua posição para evitar o inimigo de atravessar as terras. Todavia, como o poema relata, ele, confidencialmente, permitiu uma passagem para que a batalha ocorresse. Tal ato resultou em sua morte. Muitos defensores fugiram, mas outros membros de sua guarda resistiram e continuaram lutando até seus fins.

Blackwater (agosto 1991)

Na forma incompleta a qual o poema perdurou até os dias atuais, não há uma estruturação explícita da derrota inglesa, mas um tom austero, especialmente no famoso discurso que Byrhtwold prepara frente ao desastre, como pode ser conferido abaixo:


Then Byrhtwold spoke, old loyal retainer,

While shaking ash-spear, and shield raised aloft,
In brave battle words he commanded the charge:
"Courage shall grow keener,clearer our will,
More valiant our spirits, as our strength grows less.
Here lies our good lord, all leveled in dust
The man all marred. True kinsman will mourn
Who thinks to wend off from battle play now.
Though whitened by winters I will not away,
But lodge by my liege lord that favorite of men;
By my dear one and ring giver intend I to lie."
So,too, then did Godric, Aethelgar's child
Embolden them all, call forth to spear-play.
Death-darts he sent flying, driving the Danes;
Forged doom among Sea-Wolves scattering blows,
Falling at last.



O poeta desconhecido do período anglo-saxão tardio era, aparentemente, bem versado na poesia inglesa heroica, como a de Beowulf, ainda que não correspondesse a forma exímia deste. Ele realizou um trabalho esplêndido ao adaptar os maneirismos épicos tradicionais à sua descrição do local da batalha (até então, de importância histórica irrelevante) e dos feitos de seus contemporâneos, quando, na verdade, as forças defensoras não passavam de uma "guarda doméstica": fazendeiros inexperientes e trabalhadores consignados para a defesa local, juntos de um grupo de aristocratas que dispunham de uma tradição marcial heroica. Apesar de o poema ter um caráter aristocrático, "A Batalha de Maldon" visa objetividade, sendo ele o poema anglo-saxão que menos apresenta ornamentos literários.

Estátua de Byrhtnoth em Maldon, Essex.
Artista: John Doubleday.

Godric e seus irmãos, que, de acordo com o poema, fugiram da batalha, são representantes dos ingleses que preferiam pagar tributos em vez de confrontar os invasores em batalha. Byrhtnoth e seus vassalos, por outro lado, são a resistência tradicional, difícil de lidar. É principalmente em seus discursos e combates individuais que o poeta aplica seu estilo épico. Depois que Byrhtnoth é morto, seus companheiros leais discursam expressando a ética heroica, cada um a seu modo.

Lápide de Byrhtnoth


Fonte:


The Battle of Maldon (inglês)

Poema traduzido em prosa portuguesa por Elton Medeiros

Poema em anglo-saxão com notas (em inglês)

Poema traduzido (anglo-saxão para inglês) por Wilfrid Berridge

The Battle of Maldon (prosa inglesa)

Sobre a Batalha de Maldon (inglês)


Sugestão de leitura:



Cooper, Janet (ed.), The Battle of Maldon: Fiction and Fact (Hambledon 1991)

Hart, Cyril, The Danelaw (Hambledon 1992), pp.533-551

Scragg, Donald (ed.), The Battle of Maldon AD991 (Blackwell 1991)

Um comentário:

  1. Muito bacana seu blog. Parabéns. Também tenho um blog. Se chama Blog do Maffei. Apareça por lá.

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Esbraveja como um dragão, berserkiano.