Saga Laxdæla
A saga Laxdæla é uma saga islandesa escrita no século XIII, por volta de 1230 a 1260. Seu conteúdo refere-se às pessoas que habitaram a área islandesa Breiðafjörður no final do século IX até o começo do XI. Particularmente, a saga enfoca em um triângulo amoroso entre Guðrún Ósvífrsdóttir e Kjartan Ólafsson and Bolli Þorleiksson. Kjartan e Bolli cresceram juntos como grandes amigos, mas o amor deles por Guðrún causou não apenas discórdia entre eles, mas também suas mortes. A saga Laxdæla ainda é popular, sendo muito apreciada por sua beleza poética e comoção.
Como outras sagas islandesas, o autor de Laxdæla é desconhecido. No entanto, devido ao seu caráter inusitadamente feminino, especula-se que tenha sido escrita por uma mulher. O notável conhecimento do(a) autor(a) em relação a locais e circunstâncias na área Breiðafjörður mostra que ele(a) deve ter vivido no oeste da Islândia. Em diversas ocasiões, a saga nitidamente cita outras fontes escritas, o que demonstra que, provavelmente, o(a) autor(a) era conhecedor(a) de várias fontes históricas escritas. Por exemplo, duas vezes houve referência aos escritos de Ari Þorgilsson, uma à perdida saga Höllusonar e outra à saga Njarðvíkinga. Apesar disso, as fontes principais do(a) autor(a) devem ter provido de tradições orais, as quais ele/a adaptou a seu modo.
Acadêmicos têm dividido os manuscritos em dois grupos, o grupo Y, que inclui o Möðruvallabók, e o grupo Z, que inclui o fragmento mais antigo. A maior divergência entre os grupos é que o Y contém um adendo de dez capítulos da saga. Esses capítulos, porém, não foram escritos pelo(a) autor(a) original e são considerados como um trabalho à parte, o Bolla Þáttr Bollasonar. Outra diferença entre os grupos é que o furto da espada de Kjartan é narrada de duas formas diferentes. Todavia, a maioria das diferenças entre os manuscritos é uma variação mínima de dicção.
Como outras sagas islandesas, o autor de Laxdæla é desconhecido. No entanto, devido ao seu caráter inusitadamente feminino, especula-se que tenha sido escrita por uma mulher. O notável conhecimento do(a) autor(a) em relação a locais e circunstâncias na área Breiðafjörður mostra que ele(a) deve ter vivido no oeste da Islândia. Em diversas ocasiões, a saga nitidamente cita outras fontes escritas, o que demonstra que, provavelmente, o(a) autor(a) era conhecedor(a) de várias fontes históricas escritas. Por exemplo, duas vezes houve referência aos escritos de Ari Þorgilsson, uma à perdida saga Höllusonar e outra à saga Njarðvíkinga. Apesar disso, as fontes principais do(a) autor(a) devem ter provido de tradições orais, as quais ele/a adaptou a seu modo.
O prelúdio da saga Laxdæla se inicia na Noruega no final do século IX, conforme o hersir Ketill Flatnose e seus filhos deixam a Noruega a fim de fugir da tirania de Harald Halfdansson, conhecido como Harald Fairhair. A saga então foca particularmente na filha de Ketill, Unnr, A Profunda (Unnr the Deep-Minded), figura matriarcal que viaja para a Escócia, Orkney e Ilhas Féroe (Faroe Islands) antes de tomar terras no oeste islandês, em Breiðafjörður. Descreve-se também a morte digna de Unnr e seu funeral nórdico (ship burial).
O próximo personagem a ser enfocado é o goði Höskuldr Dala-Kollsson, bisneto de Unnr. Ele viaja para a Noruega procurando madeira para a construção de sua casa. Lá, ele adquire uma escrava cara, porém muito bela e muda. Ele também encontra o rei Hákon, O Bom (Haakon the Good), que o presenteia com madeira, bem como um anel e uma espada. A seguir, Höskuldr viaja de volta para a Islândia. Höskuldr a sua escrava têm um filho chamado Olaf, posteriormente conhecido como Olaf, O Pavão (Olaf the Peacock). Um dia, Höskuldr se depara com seu filho, que até então tinha 2 anos de idade, e sua escrava conversando em voz alta. Höskuldr então diz à ela que não fingisse mais e por fim dissesse seu nome. Ela revela que é Melkorka, filha do rei Mýrkjartan da Irlanda, e que foi mantida em cativeiro quando tinha 15 anos.
Olaf, O Pavão, torna-se um homem bonito e bem comportado. Quando atinge a idade de 18 anos, viaja para o exterior. Primeiro ele vai para a Noruega, onde presta os devidos respeitos ao rei e jura proteção a sua mãe, Gunnhildr. Quando Gunnhildr descobre que Olaf quer viajar para a Irlanda a fim de procurar pelo seu avô, ela ordena que um navio seja preparado para ele, oferecendo-o uma tripulação de 60 homens. Então, Olaf parte para a Irlanda, mas acaba com seu navio em uma área desfavorável, distante de qualquer porto. De acordo com as leis irlandesas de encalhamento, os irlandeses locais clamam posse sobre o navio. Olaf, fluente em irlandês, se recusa a entregá-lo. Os irlandeses então tentam tomá-lo a força, mas os homens de Olaf resistem e sucedem.
Coincidentemente, o rei Mýrkjartan se encontrava em uma região próxima e aparece na cena. Olaf conta a ele que é filho de Melkorka, sua filha, oferecendo um anel de ouro da própria como prova. Mýrkjartan havia presenteado Melkorka com o anel, e, conforme ele o analisa, seu rosto se avermelha, por fim reconhecendo Olaf como de sua própria linhagem. Olaf e seus homens são bem-vindos e passam o inverno com o rei, lutando contra os invasores. Mýrkjartan oferece a Olaf a herança de sua coroa, mas ele a rejeita e viaja de volta para casa.
A jornada de Olaf no exterior trouxe grande reconhecimento a sua pessoa, estabelecendo-se por fim na Islândia. Ele se casa com Þorgerðr Egilsdóttir, filha de Egill Skallagrímsson. Olaf e Þorgerðr têm vários filhos, incluindo o promissor Kjartan. Quando Höskludr morre, ele dá a Olaf, seu filho ilegítimo, o anel e a espada que o rei Hákon o presenteou. Entretanto, o meio-irmão de Olaf, Þorleikr, se ofende com tal ato. Visando fazer as pazes com seu irmão, Olaf, portanto, se oferece a adotar o filho de Þorleikr, Bolli, "pois ele quem cria uma criança de outro é sempre considerado como o menor dos dois".
Finalmente, Guðrún Ósvífrsdóttir é introduzida, sendo descrita como a "mulher mais bela que já cresceu na Islândia, sendo também não menos inteligente". Guðrún tem sonhos que a preocupam. Um sábio parente interpreta seus sonhos dizendo que Guðrún terá quatro maridos: que ela se divorciará do primeiro, mas os outros três morrerão. Decerto, Guðrún se casa com seu primeiro marido aos 15 anos, sendo ele um homem com quem ela pouco se importa. Ela o faz vestir uma camisa decotada e acusa-o de vestir roupas femininas, conseguindo, assim, o divórcio. O segundo casamento de Guðrún é feliz, porém de curta duração, visto que seu marido se afoga.
Kjartan e Bolli crescem juntos como irmãos e a afeição entre eles "é tanta que ambos sentiam que algo estava faltando quando o outro estava ausente". Em breve, Kjartan e Guðrún se conhecem e começam a passar tempo juntos e são considerados um belo casal, até que ele e Bolli decidem viajar para o exterior. Guðrún, no entanto, fica aborrecida com isso e pede a Kjartan para levá-la junto. Kjartan se recusa, lembrando-a que ela tem responsabilidades domésticas. Ele pede que ela espere por ele por três anos, mas Guðrún se recusa também. Sendo assim, Kjartan parte em desacordo com a amada.
Após a viagem, Kjartan e Bolli chegam em Nidaros (atual Trondheim), Noruega, e descobrem que lá houve uma mudança de governadores. O arco-pagão jarl Hákon foi morto por Olaf Tryggvason, que ascendeu ao trono querendo difundir o cristianismo o máximo possível. Vários islandeses proeminentes aportados em Nidaros são então proibidos de navegar, porque eles se recusam a adotar a nova religião. Os irmãos Kjartan e Bolli resolvem não se converter também e Kjartan acaba sugerindo incendiar os aposentos do rei com ele dentro. Eventualmente, porém, Kjartan cede ao rei e se enternece por todos os islandeses em Nidaros que são batizados.
O rei Olaf prossegue com repetidos atentados contra o paganismo, procurando agora converter a Islândia pagã em cristã. Como ele continua se deparando com resistências, ele decide apreender Kjartan e diversos outros filhos de islandeses proeminentes como reféns na Noruega, forçando assim a conversão. Contudo, Bolli consegue escapar e viaja de volta para a Islândia. Ele conta a Guðrún que Kjartan está detido pelo rei Olaf e que ela não deveria esperar pelo seu retorno nos próximos anos. Ele também diz a ela que Kjartan se tornou muito amigo da irmã do rei, Ingibjörg - o que é verdade. Assim, Bolli pede a mão de Guðrún em casamento e, apesar de muito relutante, ela se casa com ele.
Novidades, enfim, chegam na Noruega relatando que a Islândia se converteu. Dessa forma, o rei Olaf gratifica Kjartan permitindo sua saída. Kjartan visita Ingibjörg pela última vez e ela o presenteia com um cocar bordado, dizendo que ela espera que Guðrún Ósvífrsdóttir "aprecie usar esse acessório em sua cabeça" e que Kjartan deveria entregar a Guðrún como presente de casamento. No entanto, Kjartan, quando chega na Islândia, descobre que Guðrún já está casada com Bolli. Frustrado e rancoroso, ele acaba encontrando uma outra bela mulher, cujo nome é Hrefna. Ao avistá-la tentando colocar um adereço em seu cabelo, ele diz: "eu não acho que seria uma má ideia se ambos, o adereço e a moça, pertencessem a mim". Então, Kjartan a presenteia com o acessório dado por Ingibjörg e se casa com ela.
Bolli tenta recuperar sua amizade com Kjartan oferecendo a ele alguns cavalos como presente. Kjartan recusa terminantemente, ainda alimentando seu rancor. Em um banquete, Kjartan insiste que Hrefna se sente em um alto posto ao seu lado. Guðrún, que costumava ter essa honra, enrubesce. Mais tarde, Kjartan descobre que sua espada fora roubada, tendo, ulteriormente, sido encontrada em um pântano sem a bainha. Suspeita-se que o irmão de Guðrún seja o ladrão. Kjartan fica colérico frente a esse evento, mas seu pai, Olaf, o persuade tratando tal acontecimento como muito trivial para desavenças. Em um outro banquete, porém, o adereço de Hrefna desaparece. Quando Kjartan chama Bolli para tratar do assunto, Guðrún revela que "mesmo que seja verdade que alguém aqui esteja envolvido no desaparecimento do adereço, na minha opinião eles não fizeram nada além de pegar o que certamente já lhes pertencia".
Kjartan, não suportando mais os insultos, reúne alguns homens e juntos se direcionam até a fazenda de Bolli, posicionando guardas em cada porta da casa. Ele impede todo mundo de sair da casa por três dias, forçando os moradores a se renderem. Posteriormente, ele humilha Bolli e Guðrún ao impedir a venda de uma terra que eles pretendiam comprar.
Guðrún, revoltada, incita seus irmãos a atacarem Kjartan. Eles então planejam espiá-lo e Guðrún pede a Bolli que vá com eles. Ele se recusa, lembrando a ela que Olaf, O Pavão, o adotou, além de Kjartan pertencer a linhagem de seu pai adotivo. Guðrún então declara que, caso ele não os acompanhe, ela se divorciará dele. Bolli cede.
Os irmãos de Guðrún acabam encontrando Kjartan com outro companheiro. Eles os atacam, enquanto Bolli assiste. Vendo que, apesar de estarem em maior número, eles não conseguem se sobrepor a Kjartan, eles gritam reforço a Bolli, enfatizando que haverá consequências graves a todos eles caso Kjartan escape. Bolli então desembainha sua espada e investe contra Kjartan. Ao ver que seu próprio irmão estava para atacá-lo, Kjartan larga sua arma e Bolli o acerta com um golpe mortal. Bolli o segura nos braços, imediatamente arrependido, enquanto Kjartan morre.
Os assassinos de Kjartan são processados e julgados na assembleia local. Os irmãos de Guðrún são condenados ao exílio, mas Bolli, alvo de compaixão de Olaf, O Pavão, demanda que, em vez de ser exilado, ele pague uma multa. Os irmãos de Kjartan ficam ultrajados com a leniência de seu pai e dizem que eles enfrentarão muitas dificuldades para viverem no mesmo distrito que Bolli.
Olaf morre três anos após a morte de Kjartan. Agora, sua viúva, Þorleikr, incita seus filhos a vingarem a morte do irmão. Ela relembra-os de seus renomados ancestrais e diz que o avô deles, Egill, certamente não teria falhado na vingança de um homem como Kjartan. Incapazes de resistir aos insultos da mãe, os irmãos planejam um ataque. Partindo com um grupo de dez cavaleiros, incluindo sua mãe, eles encontram Bolli e Guðrún em uma pastagem. Um homem chamado Helgi Harðbeinsson investe um golpe crítico em Bolli e um dos irmãos de Kjartan fende sua cabeça. Helgi limpa sua lança no xale de Guðrún e esta, por sua vez, sorri. Helgi observa que sua "própria morte se encontra embaixo do fim desse xale".
Guðrún dá à luz a um filho e, em homenagem ao pai, o nomeia Bolli Bollason. Quando Bolli completa 12 anos de idade, Guðrún mostra a ele e seu irmão mais velho as vestimentas manchadas de sangue que seu pai vestia quando fora assassinado. Eles então dão início a um plano de vingança e, um tempo depois, empunham a espada de seu pai, matando Helgi. Eventualmente, o ciclo de matança e vingança esgota-se e Bolli e seu irmão fazem as pazes com os irmãos de Kjartan.
Bolli Bollason viaja para o exterior e passa uma boa impressão ao rei Olaf Haraldsson da Noruega. Ele então viaja para Constantinopla, onde é reconhecido como um membro da Guarda Varangiana (Varangian Guard - unidade de elite do exército bizantino). Guðrún se casa pela quarta vez, mas seu marido, assim como o segundo, se afoga. Quando idosa, se torna freira e anacoreta. O último capítulo da saga relata a conversa entre Bolli e Guðrún. Bolli quer saber quem dos maridos sua mãe mais amou. Guðrún responde listando os quatro e suas qualidades diferentes. Bolli diz que isso não era uma resposta para sua pergunta e a pressiona. Finalmente, Guðrún responde: "eu fui a pior pessoa para quem eu mais amei".
A saga encontra-se conservada em inúmeros manuscritos, estando o mais antigo deles contido completamente no Möðruvallabók, datado em meados do século XIV. Há também cinco fragmentos velinos, o mais antigo deles datado de aproximadamente 1250, e diversos outros manuscritos mais recentes, alguns dos quais são essenciais para a crítica literária da saga.
Monumento a Guðrún Ósvífrsdóttir em Helgafell.
Guðrún Ósvífrsdóttir viveu em Helgafell, lugar onde se encontra seu túmulo.
De acordo com a lenda local, um desejo será realizado a qualquer um que ande 3 vezes no sentido anti-horário ao redor de seu túmulo e então subir o morro sem pronunciar uma palavra, olhar para trás, ter pensamentos ruins ou contar o pedido a alguém.
Kjartan e Bolli crescem juntos como irmãos e a afeição entre eles "é tanta que ambos sentiam que algo estava faltando quando o outro estava ausente". Em breve, Kjartan e Guðrún se conhecem e começam a passar tempo juntos e são considerados um belo casal, até que ele e Bolli decidem viajar para o exterior. Guðrún, no entanto, fica aborrecida com isso e pede a Kjartan para levá-la junto. Kjartan se recusa, lembrando-a que ela tem responsabilidades domésticas. Ele pede que ela espere por ele por três anos, mas Guðrún se recusa também. Sendo assim, Kjartan parte em desacordo com a amada.
Após a viagem, Kjartan e Bolli chegam em Nidaros (atual Trondheim), Noruega, e descobrem que lá houve uma mudança de governadores. O arco-pagão jarl Hákon foi morto por Olaf Tryggvason, que ascendeu ao trono querendo difundir o cristianismo o máximo possível. Vários islandeses proeminentes aportados em Nidaros são então proibidos de navegar, porque eles se recusam a adotar a nova religião. Os irmãos Kjartan e Bolli resolvem não se converter também e Kjartan acaba sugerindo incendiar os aposentos do rei com ele dentro. Eventualmente, porém, Kjartan cede ao rei e se enternece por todos os islandeses em Nidaros que são batizados.
O jarl Haakon, assassinado por Olaf Tryggvason
(Christian Krohg)
O rei Olaf prossegue com repetidos atentados contra o paganismo, procurando agora converter a Islândia pagã em cristã. Como ele continua se deparando com resistências, ele decide apreender Kjartan e diversos outros filhos de islandeses proeminentes como reféns na Noruega, forçando assim a conversão. Contudo, Bolli consegue escapar e viaja de volta para a Islândia. Ele conta a Guðrún que Kjartan está detido pelo rei Olaf e que ela não deveria esperar pelo seu retorno nos próximos anos. Ele também diz a ela que Kjartan se tornou muito amigo da irmã do rei, Ingibjörg - o que é verdade. Assim, Bolli pede a mão de Guðrún em casamento e, apesar de muito relutante, ela se casa com ele.
Novidades, enfim, chegam na Noruega relatando que a Islândia se converteu. Dessa forma, o rei Olaf gratifica Kjartan permitindo sua saída. Kjartan visita Ingibjörg pela última vez e ela o presenteia com um cocar bordado, dizendo que ela espera que Guðrún Ósvífrsdóttir "aprecie usar esse acessório em sua cabeça" e que Kjartan deveria entregar a Guðrún como presente de casamento. No entanto, Kjartan, quando chega na Islândia, descobre que Guðrún já está casada com Bolli. Frustrado e rancoroso, ele acaba encontrando uma outra bela mulher, cujo nome é Hrefna. Ao avistá-la tentando colocar um adereço em seu cabelo, ele diz: "eu não acho que seria uma má ideia se ambos, o adereço e a moça, pertencessem a mim". Então, Kjartan a presenteia com o acessório dado por Ingibjörg e se casa com ela.
Kjartan e Hrefna
Bolli tenta recuperar sua amizade com Kjartan oferecendo a ele alguns cavalos como presente. Kjartan recusa terminantemente, ainda alimentando seu rancor. Em um banquete, Kjartan insiste que Hrefna se sente em um alto posto ao seu lado. Guðrún, que costumava ter essa honra, enrubesce. Mais tarde, Kjartan descobre que sua espada fora roubada, tendo, ulteriormente, sido encontrada em um pântano sem a bainha. Suspeita-se que o irmão de Guðrún seja o ladrão. Kjartan fica colérico frente a esse evento, mas seu pai, Olaf, o persuade tratando tal acontecimento como muito trivial para desavenças. Em um outro banquete, porém, o adereço de Hrefna desaparece. Quando Kjartan chama Bolli para tratar do assunto, Guðrún revela que "mesmo que seja verdade que alguém aqui esteja envolvido no desaparecimento do adereço, na minha opinião eles não fizeram nada além de pegar o que certamente já lhes pertencia".
Kjartan, não suportando mais os insultos, reúne alguns homens e juntos se direcionam até a fazenda de Bolli, posicionando guardas em cada porta da casa. Ele impede todo mundo de sair da casa por três dias, forçando os moradores a se renderem. Posteriormente, ele humilha Bolli e Guðrún ao impedir a venda de uma terra que eles pretendiam comprar.
Guðrún, revoltada, incita seus irmãos a atacarem Kjartan. Eles então planejam espiá-lo e Guðrún pede a Bolli que vá com eles. Ele se recusa, lembrando a ela que Olaf, O Pavão, o adotou, além de Kjartan pertencer a linhagem de seu pai adotivo. Guðrún então declara que, caso ele não os acompanhe, ela se divorciará dele. Bolli cede.
Os irmãos de Guðrún acabam encontrando Kjartan com outro companheiro. Eles os atacam, enquanto Bolli assiste. Vendo que, apesar de estarem em maior número, eles não conseguem se sobrepor a Kjartan, eles gritam reforço a Bolli, enfatizando que haverá consequências graves a todos eles caso Kjartan escape. Bolli então desembainha sua espada e investe contra Kjartan. Ao ver que seu próprio irmão estava para atacá-lo, Kjartan larga sua arma e Bolli o acerta com um golpe mortal. Bolli o segura nos braços, imediatamente arrependido, enquanto Kjartan morre.
Durante eras, as pessoas acreditam que Kjartan fora assassinado neste local.
Os assassinos de Kjartan são processados e julgados na assembleia local. Os irmãos de Guðrún são condenados ao exílio, mas Bolli, alvo de compaixão de Olaf, O Pavão, demanda que, em vez de ser exilado, ele pague uma multa. Os irmãos de Kjartan ficam ultrajados com a leniência de seu pai e dizem que eles enfrentarão muitas dificuldades para viverem no mesmo distrito que Bolli.
Olaf morre três anos após a morte de Kjartan. Agora, sua viúva, Þorleikr, incita seus filhos a vingarem a morte do irmão. Ela relembra-os de seus renomados ancestrais e diz que o avô deles, Egill, certamente não teria falhado na vingança de um homem como Kjartan. Incapazes de resistir aos insultos da mãe, os irmãos planejam um ataque. Partindo com um grupo de dez cavaleiros, incluindo sua mãe, eles encontram Bolli e Guðrún em uma pastagem. Um homem chamado Helgi Harðbeinsson investe um golpe crítico em Bolli e um dos irmãos de Kjartan fende sua cabeça. Helgi limpa sua lança no xale de Guðrún e esta, por sua vez, sorri. Helgi observa que sua "própria morte se encontra embaixo do fim desse xale".
Guðrún sorri para Helgi
Guðrún dá à luz a um filho e, em homenagem ao pai, o nomeia Bolli Bollason. Quando Bolli completa 12 anos de idade, Guðrún mostra a ele e seu irmão mais velho as vestimentas manchadas de sangue que seu pai vestia quando fora assassinado. Eles então dão início a um plano de vingança e, um tempo depois, empunham a espada de seu pai, matando Helgi. Eventualmente, o ciclo de matança e vingança esgota-se e Bolli e seu irmão fazem as pazes com os irmãos de Kjartan.
Bolli Bollason viaja para o exterior e passa uma boa impressão ao rei Olaf Haraldsson da Noruega. Ele então viaja para Constantinopla, onde é reconhecido como um membro da Guarda Varangiana (Varangian Guard - unidade de elite do exército bizantino). Guðrún se casa pela quarta vez, mas seu marido, assim como o segundo, se afoga. Quando idosa, se torna freira e anacoreta. O último capítulo da saga relata a conversa entre Bolli e Guðrún. Bolli quer saber quem dos maridos sua mãe mais amou. Guðrún responde listando os quatro e suas qualidades diferentes. Bolli diz que isso não era uma resposta para sua pergunta e a pressiona. Finalmente, Guðrún responde: "eu fui a pior pessoa para quem eu mais amei".
Möðruvallabók
Acadêmicos têm dividido os manuscritos em dois grupos, o grupo Y, que inclui o Möðruvallabók, e o grupo Z, que inclui o fragmento mais antigo. A maior divergência entre os grupos é que o Y contém um adendo de dez capítulos da saga. Esses capítulos, porém, não foram escritos pelo(a) autor(a) original e são considerados como um trabalho à parte, o Bolla Þáttr Bollasonar. Outra diferença entre os grupos é que o furto da espada de Kjartan é narrada de duas formas diferentes. Todavia, a maioria das diferenças entre os manuscritos é uma variação mínima de dicção.
Mapa da região da saga Laxdæla
Pelo número extenso de manuscritos, a saga Laxdæla parece ter sido altamente prezada pela Islândia medieval, perdendo apenas para a saga Njáls, que possui maior número em fragmentos velinos. Ainda assim, a recepção dessa saga continua calorosa em tempos modernos. Guðbrandur Vigfússon, um dos maiores acadêmicos escandinavos do século XIX, comenta a respeito: "Essa, a segunda apenas em tamanho das sagas islandesas, é talvez também a segunda em beleza. Ela é a mais romântica de todas, repleta de comoção". Similarmente, Thorstein Veblen, sociólogo e economista americano, observa também que a saga é convencionalmente considerada como "aquilo de beleza poética e de alto mérito literário".
Fonte:
Laxdaela saga
Saga disponível online (inglês):
Icelandic Saga Database
Laxdaela Saga by Muriel A. C. Press